{30.1.05 . (amor) entre parêntesis}

-Não te dás a conhecer! Dizem-me a toda a hora. Não entendem que é duro falar de mim? Um gato não oferece a sua barriga para qualquer um. Os outros que falem. Ou que falem os outros através das minhas palavras. Podia ser ela a falar. E se ela falásse diria algo assim:

" Eram 4:30 da manhã quando te levantaste da cama e saíste do quarto sem ligar a luz.
Sinto-te entrar na casa de banho. Puxas a descarga, abres a torneira e percebo que lavas as mãos com a água fria que ela cospe. Depois imagino que fiques a olhar-te ao espelho, porque demoras um bocado. Sigo com os ouvidos o teu caminhar lento até à cozinha.
Sei que abres o frigorífico e bebes a água gelada pela garrafa. Um hábito que me arrepia, que nunca compreendi mas que sempre aceitei.
Depois faz-se silêncio, apagas a luz da cozinha mas ficas lá. Eu sei que ficas lá. Acendes um cigarro que entalas nos dedos quentes e imagino que apoias os cotovelos ensonados sobre a mesa. Parece que te estou a ver: quieto, envolto numa nuvem de nicotina azul, com o olhar travado num qualquer pormenor do vazio da escuridão.
Sento-me na cama porque chego à conclusão que não me consigo preocupar convenientemente quando estou deitada. O teu comportamento inquieta-me. A tua aflição, ânsia, insónia, seja o que for, espalha-se pela casa e em mim. Bem sei que não posso perguntar-te: - O que é?- O que se passa?- O que sentes? Das outras vezes em que isto aconteceu e eu saí da cama atrás de ti e te gritei palavras inundadas de lágrimas, tu limitaste-te a dizer, baixinho:

- Não chores. Não me perguntes o que é. E não chores.

Nunca te vi uma expressão como aquela. Tão terna e serena. Tão séria e tão convincente.
Percebi imediatamente que não ia tornar a perguntar o que era e também é certo que nunca mais chorei de medo, de dúvida, de preocupação, quando te levantas a meio da noite e te vais procurar num cigarro e na água gelada de uma cozinha sem luz.
Demoras uma meia-hora. Não sei se fumas, se dormes encostado à parede, estendido no chão ou debruçado sobre a mesa. Não sei o que se passa naqueles minutos eternos em que a cama arrefece. Sei que se passa alguma coisa em ti quando o sono te foge e o sobressalto te assalta. Só não sei o que é. Deixo-te viver assim, com este parêntesis ocasional, metafísico e meio bizarro.
Voltas ao quarto e encostas a porta, provavelmente para não fazeres barulho apesar de saberes perfeitamente que estou acordada e sentada na cama à tua espera. Deitas-te e puxas-me para baixo sem dizer uma palavra. Trazes o frio preso a ti e o teu corpo que cheira tão bem pede-me em silêncio que o aqueça só num abraço."


Acontece por vezes. Colori a história é claro. Dei-lhe uma carga dramática, porque afinal de contas, a vida é feita de dramas.
Eu sou assim. Pelo menos acontece. Acontece por vezes...


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{28.1.05 . é só uma fase...}



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{24.1.05 . África}

Mexendo em alguma anotações antigas que fiz, encontrei estas ideias soltas no papel- ideias que ficaram em mim após uma viagem que fiz `a 7 anos atrás a Moçambique- país onde nasci e que amo tanto. Resolvi partilhá-las com vocês!

era uma vez
um país tão cheio de nada
com sabor a chocolate
e cheiro a terra molhada

...cheiro inebriante a verde que nos suga, a humidade colada à pele, ai este excesso de tudo, que nos engole e arrasta...

A África não é só inexplicável- é até um erro ter a pretensão que pode ser explicada. Esse grande continente é maior, mais forte e mais antigo e mais complicado do que nós. África deixa-se ver porque sabe que não sabemos olhar para ela e ver.

Quem é mais livre- o que é livre e tem fome, ou o que tem comida e está preso? Quem sonha mais? Um sonha com comida e o outro com a liberdade. A liberdade é um luxo. África deu-se a esse luxo e essa é a sua grandeza.

Num país onde vive a morte é preciso tomar conta dos mortos. Se as pessoas não podem, não conseguem viver, é preciso que saibam morrer. Quem morre em África, morre sempre muito acompanhado.

Perdeu-se Portugal e os países que encontrou. Limitámo-nos a abrir caminho.

Em Maputo, capital de Moçambique, vive-se na cidade enorme, na metrópole moderna que Lisboa nunca foi. É uma cidade fantasma, parada, e ao mesmo tempo lindíssima. Na rua vêem-se restos de sonhos erguidos com uma esperança estúpida, com carne e osso.

Por estes lados devem morrer de pé como os imbondeiros (árvore de tronco grosso) ou deitados como se estivéssem a dormir.

A maior crueldade foi obrigar este povo, que é de paz, calmo, bem-educado e passivo, a fazer a guerra entre si. Em nome de uma noção de Estado que lhes foi imposta pelo colonizador- e pelas grandes potências mundiais- irmãos matam-se! Aqui a guerra é genuinamente odiada.

Portugal, entre as potências europeias que colonizaram África, tem o monopólio dos bem-intencionados. Para os moçambicanos tanto faz que tenha havido fé, boa-fé ou falta dela. Vivem hoje e morrem hoje por causa das consequências.



Alguém uma vez disse algo do género:

"(...) em África, as crianças morrem enquanto estão a brincar. De repente caem no chão. É como se sabendo que iriam morrer, decidíssem viver tudo de uma só vez."

Acho que tem toda a razão. As crianças ao esconder a dor com um sorriso, tornam esse sorriso mais verdadeiro e caridoso do que qualquer lágrima nossa.


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{23.1.05 . só nos filmes}

Se estas coisas acontecem nos filmes, porque nunca aconteceram comigo?

EU NUNCA...

1. bati com a cabeça e fiquei com amnésia.
2. deixei a torneira do lavatório da casa de banho aberta tempo suficiente para inundar a casa inteira.
3. fiquei preso no elevador com uma mulher que detesto e acabámos por fazer sexo.
4. coloquei um lenço sobre o auscultador do telefone para disfarçar a voz.
5. abri uma porta com um cartão de crédito.
6. fui a um casamento durante o qual alguém se manifestou contra.
7. fui convidado para jantar em casa do chefe e, ao conhecer a sua família, percebi que a mulher que engatei no bar e com quem fui para a cama, na semana passada, é a filha dele.
8. me envolvi numa luta com alguém armado, e a pistola pela qual estamos a lutar disparou, mas nenhum de nós tem ideia de quem foi atingido, até que o meu adversário se afasta, depois dá um passo na minha direcção e cái morto a meus pés.
...

MAS PORQUÊ?


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{22.1.05 . às cegas}



O electrão não sabia o que fazer. Andava às cegas. Organizou-se no átomo. Passou a ter trajectória. O átomo andava às cegas. Uma molécula apanhou-o. Ficou numa estrutura. A molécula andava às cegas. Muitas células enredaram-na. Aprendeu a ser órgão. O órgão andava às cegas. Um corpo apanhou-o. Aprendeu a ser organismo. Um ser. E o ser andava às cegas. Colidiu com outros igualmente cegos. Ficaram presos de amor, amizade, de tragédia, de alegria e dor, de ódio também. E a sociedade andava às cegas.
Hoje vemos toda essa sociedade cega na televisão, nos jornais, nas ruas por onde andamos. Às cegas.
Mas também não andará aquela estrela que ontem brilhou,cega? Se tudo andar assim, a criação terá um fim. Um dia o Universo irá acabar.
Esta é a verdade até ao momento. Até ao momento em que a inteligência e a acção a contrariem, e que novos seres ousem dar ordem ao baralho. Então aí, será possível que a estrela tenha um destino e que eu tenha um propósito e que aquele electrão da minha célula esteja a fazer o que aprendeu e que o Universo perdure, não em forma, mas em substância.
Até que seja possível, tal como aquela estrela condenada, lá vamos. Às cegas.


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{20.1.05 . qualquer semelhança com a ficção, é a mais pura realidade}

Tive um sonho esquisito: estava no meio de nuvens e de anjos. Depois de me ver, os anjos assustados perderam as suas asas e não tiveram outro remédio senão descer até à terra. Uma solidão imensa se instalou dentro de mim e vi-me mergulhado na mais profunda das depressões. Só consegui adquirir a tranquilidade, quando lá do alto eu vi os anjos sem asas pousarem no chão e se transformarem em bailarinas. Estranho não?




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{18.1.05 . deco}

«se o homem pudesse ser cruzado com o gato isso melhoraria o homem, mas iria estragar o gato»
Mark Twain

Gato que é gato não precisa de fazer grande coisa para que se goste dele. Ao contrário dos cães, que insistem em ser subservientes e agem sempre na mira de um mimo (para não falar no irritante hábito de enfiar o focinho onde não devem), os gatos agem com altivez e um total desprezo pela espécie humana.
Os gatos comem com apetite, brincam e namoram sem pudor e dormem como se estivéssem à solta no paraíso. Qualquer gato que se preze é um snob: reflexos de um passado distante em que eram adorados como deuses, talvez...
O meu gato é assim! Um gato que sabe ser gato, que domina a arte da manha e passa da loucura romana à preguiça grega num abrir e fechar de olhos. Deco é o nome dele. Singela homenagem e imposição de quem mo ofereceu: "-Tem que se chamar Deco como o jogador de futebol ! " Fiz a vontade ao meu amigo, e Deco ficou, embora o meu pai insista em lhe chamar de Kiko, ou então de Patife.
O Deco entrou na minha vida com o único propósito de roubar o protagonismo. A minha mãe está-se nas tintas para a forma como me correu a semana que passou e não se cansa de desfiar um mar de peripécias ,que o "maldito" felino aprontou enquanto estive ausente. Isto já dura à mais de um ano, não sei onde vai parar esta tamanha loucura, mas, sinceramente não me importo, sabem porquê? Porque alguém um dia me disse assim: "-És um gato! "
«gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras,
sem enredos
quem somos nós,
teus donos
ou teus servos? »

Alexandre O'Neill


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{16.1.05 . a carne}

« A reflexão sobre a morte é uma forma de valorizar a vida, tal como é contra um fundo de escuridão que um fósforo aceso se vê»

(devo ter lido esta merda nalgum livro zen!?)

Cheguei à conclusão de que o meu blog tava a ficar muito disparatado e meio louco, por isso vou falar de uma coisa muito séria... Morrer. Passar-se. Morto e enterrado. Comer as alfaces pela raíz. Ir para o céu. Ir para os anjinhos. Sete palmos abaixo da terra. Marar. Bater as botas. Esticar o pernil. Dar o peido mestre. Falecer. Passar para o outro lado. Dar a alma ao criador. Ir para o inferno. Ir para o maneta. Bater às portas do paraíso. Dar de comer às minhocas. Quinar. Ir desta para melhor...

Sem me querer meter por caminhos já tantas vezes trilhados pela religião, filosofia e outros pseudo-gurus que agora não vêm ao caso...tou me borrifando se existe vida para além da morte, vida para além das gajas e do meu sporting e eu sei lá que mais! Vou falar só do que acontece depois que VOCÊ morre! O que acontece com o seu corpinho que você vê todos os dias em frente do espelho e que você tanto ama... ou não!
O trabalho que se segue, exigiu da minha parte meses de estudo e muita pestaninha queimada. Aviso desde já que as linhas de texto que se seguem, não são aconselhadas a pessoas sensíveis ou com problemas cardíacos.
A CARNE: diário da decomposição
Morte
Na morte o seu coração parará, perderá o pulso e você deixará de respirar. Ficará pálido, todos os seus músculos relaxarão e o seu corpo começará a perder calor à razão de 0,7ºC por hora.

Após meia hora
A sua pele vai perdendo cor, à medida que o sangue desce sob o efeito da gravidade. Se estiver deitado de costas, o sangue afluirá à zona das costas e à parte inferior dos seus membros. Qualquer pressão sobre a pele irá torná-la branca, porque o sangue se dispersará. As suas extremidades tornam-se azuis. Os olhos começam a afundar-se.

Após quatro horas
Serão evidentes os primeiros sinais de rigor mortis. Antes do resto do corpo, as pálpebras, o rosto, o maxilar inferior e o pescoço tornar-se-ão rígidos. Um esforço violento ou uma electrocussão pouco antes da morte acelerarão o rigor mortis. Este será retardado se a causa da morte for asfixia ou envenenamento por monóxido de carbono. Depois de se ter espalhado a todo o corpo, começará a desaparecer pela mesma ordem com que se instalou. Em trinta horas, todos os seus músculos ficarão relaxados.

Após vinte e quatro horas
O seu corpo arrefeceu até atingir a temperatura ambiente. A menos que seja conservado no frio, a sua pele começará a tomar uns tons vermelho-acastanhados. Em cerca de uma semana, esta descoloração alastrará ao peito, às coxas e, gradualmente à totalidade do corpo. As suas feições poderão estar irreconhecíveis e você exalará um cheiro intenso a carne apodrecida. Temperaturas quentes ou uma morte súbita acelerarão o processo de decomposição. Se for conservado a uma temperatura amena e num ambiente seco, o seu corpo poderá mumificar, o que dará à pele aparência seca e encerada.

Após três dias
No interior do seu corpo, começará a formar-se gás, que poderá provocar o aparecimento de bolhas de líquido avermelhado com cerca de oito centímetros de diâmetro e o seu escorrimento através dos seus orifícios. Tudo isto confirma várias histórias de corpos que incharam tanto, que rebentaram com o caixão!

Após três semanas
A sua pele, cabelo e unhas estarão agora soltos, tanto que seria fácil arrancá-los. Mais cedo ou mais tarde, a sua pele rebentará expondo os músculos e a gordura. É nesta fase que os insectos e os vermes começarão a comer a sua carne. A temperatura ambiente determina a velocidade a que você ficará reduzido a esqueleto. Num ambiente quente e fechado, demoraria um mês até se tornar um esqueleto; ao frio e no exterior, levará mais tempo. Teoricamente, o seu esqueleto poderá sobreviver eternamente.

Adaptado de um artigo da revista Esquire


str8splash blogged on 16.1.05


A conta gotas, vamos assistindo aos julgamentos dos militares norte-americanos acusados de tortura aos prisioneiros de guerra iraquianos. O governo dos Estados Unidos tem de uma forma geral condenado estes militares a penas severas. Mas o actual governo de Washington parece agir sem consciência moral e sem qualquer ideia do significado da palavra reciprocidade. O Pentágono do ministro da Defesa norte-americano Donald Rumsfeld pôs os prisioneiros iraquianos nas mãos de reservistas, sem que ninguém lhes falasse sobre a Convenção de Genebra, de operacionais dos serviços secretos cujo único compromisso era extrair informação, e de fornecedores privados, alguns dos quais, aparentemente, já tinham alguma experiência tanto na gestão prisional como na tortura de prisioneiros. E a mensagem transmitida a essas pessoas foi de dura indiferença ou pior ainda, já que alguns concluíram, a partir das ordens recebidas, que a humilhação de iraquianos capturados fazia parte do seu trabalho.
De quem é a culpa afinal?


str8splash blogged on 16.1.05

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{12.1.05 . pedaços de luz}

Fragmentos de cor intensos e quentes
diante da tela
Tela de desejo
Espelhando novas formas de tecido e pele
Criação da génese da matéria e forma
Gerada do umbigo...
Umbigos em chamas
Desenhando círculos de lume e fogo...
Instrumento de criação do corpo
Tecido pela luz...
Luz tecida pela fantasia
Que roça pelo sonho e reluz...
Com dedos percorrendo o corpo,
Raios de sol deslizam por ti...
Pedaços de luz...
Pedaços de mim...


str8splash blogged on 12.1.05

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{11.1.05 . manifesto}

O estado da arte.
Já não aguento mais. Estava cá dentro entalado. Não há paciência para tantos vigaristas, bons aldrabões, catástrofes e outras manifestações artísticas. Precisava de dizer o que me vai na alma.
O resultado é este desabafo a que eu chamei de MANIFESTO, e o resto que se lixe.


MANIFESTO
Odeio:
1. que sejam os artistas a decidir o que é arte.
2. que eles me expliquem porque é que é arte.
3. não perceber o que eles dizem.
4. quando percebo o que eles dizem.
5. quando percebo o que eles querem.
6. as bebidas maradas das ''vernissages''.
7. o sentido.
8. acrílicos.
9. edições numeradas.
10. escultores a pintar.
11. pintores a esculpir.
12. instalações.
13. referências.
14. arte efémera.
15. os curriculuns dos artistas.
16. merdas com néon.
17. arte política.
18. video art.
19. artistas que precisam de assistentes, pedreiros, carpinteiros, etc.
20. que façam obras que não se possam ter na sala.
21. que a relação entre a teoria e a arte seja tão oportunista.
22. a arrogância da originalidade.
23. os gajos que pegam num monte de bosta e o transformam num monte de bosta.
24. artistas vivos.
25. não saber se o plural de ''móbil'' é ''móbiles'' ou ''móveis''.
26. a reinvenção.
27. rabiscos de arquitectos armados em desenhos.
28. artistas que parecem artistas.
29. ampliações de merdas normais, reduções de merdas normais, repetições de merdas normais.



str8splash blogged on 11.1.05


Qual é a coisa mais triste do mundo, mais triste do que a morte, mais triste do que a memória, mais triste que a tristeza?
Não tem nome. Mas é fácil de descrever: é o conjunto de todas as coisas que podiam ter acontecido e não aconteceram. É a vida vinte vezes maior que a nossa vida. É a soma de todas as oportunidades perdidas, de todas as alternativas não escolhidas, das pessoas que não chegámos a conhecer melhor, dos tempos que não passámos, dos sítios onde podíamos ter ido e não fomos, dos filhos que não tivémos, da pessoa que amámos, das noites que não partilhámos com as nossas amantes e com os nossos amigos...
Esta tristeza não vem de um acaso. Não dói imaginar o que se perdeu sem saber o que se perdia. Nasce da consciência que todas as nossas escolhas não passam de interrupções.
Esta tristeza é pior do que a saudade, que vem de uma alegria que ao menos existiu, mesmo que nunca mais se possa repetir. É a soma dos futuros que não foram. É o tempo todo, dentro do qual o nosso próprio tempo é apenas um momento.
Penso no que não deixei continuar, nas sementes que me caíram nas mãos e eu não deitei à terra, nas vezes que a felicidade veio ter comigo e eu fugi, nas outras em que a vi passar em frente dos olhos, e encho-me da maior tristeza do mundo, que não é passado nem futuro, mas presente, presente no pensamento, presente no coração eternamente.
De repente aprendo que começei mil coisas e não fui capaz de concluir nenhuma. Nunca fui claro ou determinado. Portei-me sempre como um inventor ou como um fugitivo.`
É um arrependimento acumulado, de milhares de vezes que acabaram por ser vezes sem exemplo, que não fui capaz de viver e perseguir. O facto de ter abandonado tantas vezes faz com que sejam tantas as vezes perdidas.
Nesta multiplicação de princípios sem fim e de substituições sem razão, vejo a minha vida como um mapa em que um lugar vai dar a outro mais longe, mas não pode voltar a ele.


str8splash blogged on 11.1.05

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{6.1.05 . de volta!}

Estou de volta!
Tenho a mania de viver sempre numa insatisfação constante. De início pareceu-me que o aspecto visual do blog estava 'fixe', mas agora começo a duvidar das minhas capacidades enquanto webdesigner amador. Um dia destes ainda pinto esta porcaria em tons rosa só para meter nojo. Que tal? Acho que não ía adiantar grande coisa, pois acabava por me fartar na mesma, mas enfim...


str8splash blogged on 6.1.05

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O que uma pessoa faz para ser original! Paciência.







EmilyStrange.com